Peça-Chave #12 🧩: IA e a mediocridade voluntária
A news dessa semana tem somente um texto, inspirado em um email que recebi e que está gerando polêmica no LinkedIn. Acabou ficando um texto longo.
Eu gosto assim: se eu publico algo que todo mundo concorda, significa que eu tô fazendo algo de errado.
Depois de ler essa newsletter, gostaria de saber: você concorda ou não comigo?
Abraços,
Peçanha
Inteligência Artificial e a nova era da mediocridade voluntária
Ao longo dos meus 10 anos à frente da Rock Content um dos principais aprendizados que eu tive - e tentei ensinar ao máximo - é que um bom profissional se preocupa com outcomes (resultados), ou invés de outputs (entregas).
Foi em 2014, quando não tínhamos nem um ano, que criamos o time de Sucesso do Cliente, pois reparamos que de nada adiantava entregar blog posts para nossos clientes (output), se esses conteúdos não gerassem visitas e, consequentemente, oportunidades de negócio (outcome). O novo time tinha o papel de ajudar o cliente a alcançar esse resultado desejado.
Esse foi um dos “segredos” do sucesso da Rock após esse ano. E também uma mentalidade que incentivei dentro da empresa, treinando os rockers mais júniores para se preocuparem com os resultados acima de tudo.
Algo que eu imaginava ser bem claro e óbvio.
Mas, se há uma palavra que simplesmente não podemos confiar no mundo profissional é a palavra “óbvio”. Outro aprendizado meu é que nunca devemos tratar algo que é óbvio para nós como óbvio para todo mundo.
Esse tema ficou na minha cabeça essa semana após ter recebido o email abaixo:
Alguém que fez a certificação gratuitamente, tirou o certificado, acha que “gastou tempo” da sua vida só porque não conseguiu compartilhá-lo no LinkedIn (uso a palavra “conseguiu” aqui porque essa funcionalidade existe). Que se dane o aprendizado.
Ontem eu postei esse email no LinkedIn, fazendo uma analogia a uma história que meu ex-mestre de Krav Magá me contou, em que resumidamente ele disse que faixa preta você compra em qualquer loja de esportes, mas não vai te proteger de apanhar na rua. Se quiser ler o post completo é só clicar aqui.
Mais interessante ainda é ler os comentários. Até o momento são mais de 170 (isso que chama “hitar”?), e eles deixam claro que existem várias pessoas que acreditam mais na entrega (certificado para mostrar) do que no resultado real (o aprendizado).
Vou ser bem direto aqui, e talvez ofender alguém: se você pensa que um curso sem certificado não vale nada, você não vai longe na vida. Um certificado pode te ajudar a conseguir um emprego, mas o conhecimento te faz ficar lá e crescer. Se você já está empregado e não estuda, rapidamente você fica para trás.
Simples assim.
E o que a Inteligência Artificial tem a ver com isso?
Estamos no momento de hype da IA, em que muita coisa está acontecendo ao mesmo tempo e rapidamente. Os avanços são sim, impressionantes, e ainda vai demorar um tempo até entendermos qual será o real uso dessa tecnologia no nosso dia-a-dia.
Mas uma coisa já me incomoda, que é o grande foco no output ao invés de outcome. “Publique 200 blog posts por mês sem esforço”, “Crie apresentações de slides automaticamente”, “Faça o layout do seu aplicativo em segundos”, e por aí vai.
Hoje conseguimos criar conteúdo em escala com IA, e isso está sendo amplamente divulgado, mas ainda há poucas conversas sobre o resultado disso tudo. O momento de hype é o momento de gerar visitas, visualizações e se tornar autoridade em IA - até a próxima moda surgir, claro.
Esse volume de conteúdo já está virando spam. A Spotify teve que apagar dezenas de milhares de músicas que não só foram criadas por IA, mas também estavam sendo ouvidas por IA. Algo parecido está acontecendo no Kindle, em revistas de contos de ficção, vídeos do Youtube, e por aí vai.
Minha previsão é que, em breve, todo esse conteúdo não valerá absolutamente nada. Seja porque se tornou pasteurizado demais, ou porque as plataformas descobrirão maneiras de barrá-los.
Mas um dos maiores problemas disso tudo, na minha opinião, é que enquanto está sendo criado um volume absurdo de músicas, livros e imagens, não estão sendo formados novos musicistas, escritores ou ilustradores. Profissionais de verdade, que não só conseguem criar, mas também entendem o processo e os impactos da criação.
Escrever, por exemplo, é a melhor forma de se aprender um novo conceito. É um processo que requer um esforço mental grande, organização das ideias, descoberta de coisas novas. A técnica Feynman, considerada uma das melhores técnicas de aprendizado, se baseia nisso.
Ou seja, pode ser que surja uma nova geração de profissionais especialistas em criação por Inteligência Artificial que, no final das contas, não vão entender direito sobre os assuntos e processos do que estão criando. Os reis do output.
A era da mediocridade voluntária, “powered by AI”.
Enquanto isso, quem se dedicar a continuar aprendendo, criando conhecimento original e personalizado, e usando IA para potencializar isso, gerará resultados impressionantes.
Quem você acha que será líder de quem?
Uma coisa eu sei: eu não confio em alguém que dá uma palestra e não criou o conteúdo de seus próprios slides. Existe uma diferença brutal de compreensão de um tema - por mais que eu seja especialista - entre o momento em que eu começo e termino uma apresentação.
Minha dica final aqui é: aproveite as tecnologias, aprenda sobre elas, mas nunca se esqueça do valor dos processos e do aprendizado.
Já estou gravando um curso novo de Instagram - só para alunos!
🔥 Acontece na PbyP
Essa última semana foi intensa para mim e para a PbyP School. Ou seja, foi uma boa semana.
Fiz dois treinamentos in-company, para a Invisalign e para a Samsung, o que me tomou muito tempo.
Com o curso de Fundamentos do Marketing pronto e lançado, comecei já o próximo, de Instagram para negócios. Passei essa semana criando o conteúdo, e a primeira aula já foi transmitida e gravada.
Além disso, tivemos o webinar com o Rafael Kiso, e o conteúdo foi animal! Altíssima qualidade, acima do esperado, devo dizer. O bate-papo para alunos também foi valioso.
Estou subindo tanto o webinar quanto o bate-papo exclusivo para alunos nesse momento. Em breve estarão na PbyP (são vários gigabytes).
Semana que vem teremos mais aulas do novo curso, a mentoria coletiva (que estou adorando) e anunciarei um novo mentor!
Estou começando a achar que em breve vou precisar fazer minha primeira contratação, alguém se candidata?
Viu o que você está perdendo? Clique para mudar isso
Aqui as coisas não param!
Abraços,
Peçanha