Peça-chave #61: Princípios para ser produtivo (parte 1)
Seinfeld e outras inspirações que me ajudaram no dia-a-dia!
(Eu gosto tanto desse tema que coloque “parte 1” no título, já prevendo que alguma hora vou escrever a parte 2, hehehe)
Essa segunda-feira eu fui à academia. Isso foi importante, e Jerry Seinfeld me ajudou.
O que, para uma parcela grande da população (pelo menos no Instagram), é algo rotineiro e prazeroso - o famoso tá pago - para mim é sofrimento.
Então qualquer desculpa é válida para eu evitar ir à academia e não estar em casa, na minha rotina, sempre foi uma ótima desculpa.
Por isso mesmo foi significativo eu ter ido malhar segunda-feira, na academia do Novotel Itajaí.
Foi resultado de um processo deliberado, resultado de vários anos de estudo sobre como ser mais produtivo e formar bons hábitos. Como estou satisfeito com meu resultado, fiquei motivado em compartilhar aqui alguns dos aprendizados que mais mudaram minha vida, e espero que também possam te ajudar.
Não sou nenhum guru da produtividade, odeio quem caga regras na vida dos outros, mas tudo que quero compartilhar aqui eu aplico no dia-a-dia e tem me ajudado muito.
Eu tenho um emprego em tempo integral, escrevo essa newsletter, dou aulas em vários lugares, e mantenho a PbyP, então sem esses princípios, estaria morto ou tedo um burnout trancado em casa.
Bora?
Seinfeld, levantamento de peso, e os hábitos atômicos
Meu livro favorito sobre formação de hábitos é, de longe, o (já) clássico Hábitos Atômicos do James Clear. Ele é prático, fácil de aplicar e muito simples (muito mais do que O Poder do Hábito, na minha humilde opinião).
Eu tenho amigos que já se cansaram de me ouvir recomendando essa leitura.
Uma das principais lições do livro é que se focarmos no objetivo a ser alcançado, raramente teremos sucesso, mas se focarmos em mudar a nossa identidade, aí sim conseguimos nos tornar pessoas melhores.
No meu exemplo, se minha meta fosse levantar 100kg no supino, eu estaria focado no resultado. Isso é o que eu quero conseguir, mas estou muito longe. A chance de desanimar é muito alta.
Mas eu decidi que quero ser alguém que malha todo dia e é saudável. Essa é a identidade que quero criar e comecei a focar nisso. Não importa se vou malhar 15, 30 minutos ou 2 horas. Só preciso criar o hábito para, um dia, alcançar um resultado de 100kg.
Isso se chama hábitos baseados na identidade
Fui à academia, malhei 5 minutos? Sucesso! Melhor que não malhar hoje porque não estou no clima de ficar 2 horas puxando ferro.
Ok, mas eu preciso criar processos para conseguir malhar todo dia e, segundo o autor, a melhor maneira de fazer isso é tornar o hábito fácil. Eu odeio ficar na fila dos equipamentos e interagir com outras pessoas, então resolvi comprar pesos para malhar em casa.
Mas para ser ainda mais eficiente, resolvi seguir um método que o Seinfeld usava em sua escrita, que ele compartilhou no podcast do Tim Ferris: separe um tempo para escrever (no meu caso, malhar) e não coloque uma meta a ser alcançada.
A única regra é: nesse tempo você só pode escrever e mais nada. Você pode ficar o tempo todo à toa e não produzir nada, sem problemas.
Sabe o que acontece quando você faz isso? Você acaba sendo produtivo, pois ficar completamente à toa é algo muito, mas muito difícil. E é assim que eu separo 30 minutos por dia para malhar, e quase todo malho esse tempo todo. Na minha garagem.
Esse dia do hotel eu acordei, nem pensei muito, desci pra academia. Já está se tornando um hábito. Ou seja, espero que em breve eu não precise mais ter que fazer uma decisão todo dia de malhar, pois já é uma regra.
“Existe uma grande diferença entre uma pessoa que está de dieta e uma pessoa que não come sobremesa” - The Knowledge Project Podcast #102
Mas para isso dar certo, você tem que lutar contra o maior vilão do mundo moderno: o telefone celular. Esse computador de bolso otimizado para ser uma fonte de distração, dopamina barata, e crises em relacionamentos.
Trate o celular como seu inimigo
Ele está atrapalhando seus planos, te distanciando de seus amigos e família, te deixando mais burro/a. Eu nem te conheço, leitor(a), mas afirmo isso.
“Ah, mas eu uso o celular para trabalhar”. Claro, vai lá que eu tô acreditando! Depois me diga quanto tempo você gasta no TikTok, Instagram e Whatsapp, comparado com email, Slack, etc (não vale mentir)
Eu já estava tentando diminuir meu uso de celular há um tempo, mas o vídeo abaixo foi um grande motivador”(dá pra ver com legendas em português):
Há anos eu já possuía uma regra de não ter telas no meu quarto, ou seja, meu celular fica carregando na sala.
Mas após assistir esse vídeo eu agora sou ainda mais rígido: se eu estiver em casa, em horário de trabalho ou querendo ser produtivo, eu transformo meu celular em um telefone fixo. Ele fica no carregador, na sala, no segundo andar.
O simples fato dele não estar ao alcance das minhas mãos já diminui aquele impulso bizarro que temos de checar por notificações a cada cinco minutos. Parece mágica e recomendo a todo mundo.
Isso também vem do livro Hábitos Atômicos, que diz que devemos dificultar os hábitos que queremos abandonar. É por isso que não tenho cerveja na minha geladeira durante a semana, e todo domingo à noite eu desinstalo o Overwatch do meu PC e só instalo de novo na sexta.
Então te pergunto: qual hábito você quer abandonar? E qual a primeira barreira que você consegue criar? Sabe qual é? Então vai lá e cria essa barreira agora, depois me diga qual é (é difícil, mas funciona).
E, por último, algo que me ajudou muito quando comecei a fazer, anos atrás, que foi entender que…
Se você está preocupado, você está ocupado.
Gabi tinha pouco mais de 20 anos em 2015, trabalhava até as 18h e ia pra casa.
Um dia ela me procurou, falando que estava exausta, não conseguia dormir e o trabalho estava consumindo ela, mesmo com ela largando o serviço dentro do horário (eu nunca incentivei meus funcionários a fazerem hora extra).
Após uma conversa, entendi o que estava acontecendo: ela realmente não trabalhava até tarde, mas ao mesmo tempo ela levava o trabalho pra casa, em forma de preocupação na sua cabeça.
Isso faz com que só de ficar preocupada, ela também se sentisse ocupada e, como nosso cérebro literalmente gasta calorias para funcionar, também cansada.
Dezenas de emails não respondidos na caixa de entrada impediam que ela esquecesse o trabalho. Ficavam como caixinhas abertas, gerando carga cognitiva mesmo nos momentos de descanso.
Como resolver isso? Criando um sistema em que, ao final do dia, tudo está resolvido ou delegado para o futuro, para sair da nossa mente no momento atual. Essa é a premissa do livro A Arte de Fazer Acontecer (Getting Things Done), do David Allen, também um dos meus favoritos.
A solução aqui é simples, mas precisa ser um hábito, por isso por um mês, ao final do expediente, eu sentava ao lado da Gabi, abria sua caixa de entrada e fazia duas coisas:
Arquivava qualquer email que não requeria nenhuma ação
“Suspendia” (snooze) todos os outros emails para eles sumirem da caixa de entrada, e só retornarem em uma data futura (afinal, ninguém nunca morreu por urgências de marketing, então os clientes podem esperar algumas horas)
Pronto! Agora, às 18h, a caixa de entrada estava zerada e, por consequência, as preocupações dela também. Em pouco tempo ela criou esse hábito e melhorou sua qualidade de vida.
Então, se você tem muita coisa na sua cabeça agora, crie um sistema parecido. Mande os problemas para o momento futuro em que eles realmente serão resolvidos. Pra quê se preocupar agora?
Conclusão
Vou parar por aqui, pois à medida em que fui escrevendo esse email lembrei de mais uma dezena de coisas que fui aprendendo ao longo do tempo para ser mais produtivo e melhorar meus hábitos.
Mas o importante é você entender que mudanças de hábitos acontecem quando você cria processos e princípios que se adaptem quem você é e te ajudam a ser uma pessoa diferente no futuro (uma nova identidade).
Qualquer pessoa que te dizer que “você precisa acordar 5 horas da manhã para ter sucesso”, ou “meditar pelo menos 45 minutos senão é um fracassado”, é uma picareta tentando te vender alguma coisa e cagando regras para te impressionar.
Fique de olho, fuja dessas pessoas, e seja feliz ;)
(Enquanto isso, continuo tentando malhar todo dia, tô quase lá!)