Peça-chave #63: Longos conteúdos, grandes negócios
Vamos deixar as crendices marketeiras de lado?
Depois de um pequeno grande hiato, estou de volta com a Newsletter. Apesar de muito frustrado por ter falhado com vocês, fiquei feliz com as mensagens das pessoas que sentiram falta do meu conteúdo, perguntando o que tinha acontecido.
É pra isso que eu escrevo ;)
Obrigado e bora pra mais uma!
Viver no interior de Minas sempre foi muito perigoso.
Se você comer manga com leite, vai morrer, se deixar o chinelo de cabeça pra baixo, sua mãe morre, tomar banho depois de comer faz mal. Abrir guarda-chuva dentro de casa dá azar, varrer o pé de alguém significa que essa pessoa vai morrer solteira.
Eu, claro, internalizei isso por muito tempo, afinal, minha vó sabe do que tá falando.
Essas são somente crendices dos tempos passados, mas sempre me fazem lembrar que existem alguns outros “conhecimentos populares” que ainda acreditamos pois eles não são obviamente falsos e esquecemos de questioná-los.
Na edição #48 da Newsletter eu falo sobre isso, e apresento o conceito de Cached Thoughts:
“Cached Thoughts são ideias, atitudes e crenças que uma pessoa formou em uma ocasião passada e nunca parou para avaliá-los novamente” - Eliezer Yudkowsky
No marketing isso acontece o tempo todo. Ideias e princípios que são repetidos o tempo todo, mas não paramos para pensar se fazem sentido.
Hoje quero falar de um deles, que me irrita muito, como pode te atrapalhar, e como mudar sua mentalidade para levar seu marketing para o próximo nível:
“Conteúdo longo não funciona”
[Conteúdo longo = blog posts, newsletters, podcasts, lives, etc]
A origem dessa crença é o crescimento das redes sociais, em que somos bombardeados o tempo todo por dezenas de conteúdos cujo consumo não dura mais do que alguns segundos. Twitter são 280 caracteres, stories tem sessenta segundos, Reels noventa.
Antes de mais nada, é importante reconhecer o belíssimo - e enganador - trabalho que as redes sociais fizeram de convencer profissionais de marketing que grandes números significam grandes resultados.
“Viralizar” virou objetivo de profissionais de mídias sociais, uma maneira fácil de mostrar para o chefe um número grandão. “Atingimos um milhão de pessoas”, isso deve ser bom - e garante meu emprego.
E, pra piorar, visualizações, curtidas e comentários são métricas públicas, o que gera uma vontade maior de alcançar grandes números, e estimula uma competitividade entre as pessoas.
Com isso, canais que não possuem números tão altos nem tão públicos foram abandonados. Email é coisa de velho, a Gen Z não assiste vídeo longo, blah, blah, blah.
Ou seja, o uso de formatos mais longos um grande diferencial para quem quer fazer marketing de verdade, então, fica aí minha dica para 2025: invista em contéudos longos! (não precisa abandonar as redes sociais, só diversificar)
E não sou só eu que estou dizendo isso. Segundo pesquisa da agência Billion Dollar Boy, os profissionais de marketing estão voltando a enxergar o valor de conteúdos mais longos:
68% dos profissionais aumentaram o investimento nesse formato nos últimos 12 meses.
Dois a cadas três marketeiros (39%) acreditam que conteúdo longo diminui a fadiga criativa, enquanto um terço acredita que aumenta o ROI
70% dos profissionais de marketing e 72% dos creators dizem que vão aumentar seus investimentos em conteúdos mais longos nos próximos doze meses.
E o que está acontecendo?
Alguns profissionais de marketing estão voltando a entender que as métricas por si só não dizem muita coisa.
E, principalmente, que elas não são o objetivo em si.
O propósito de um conteúdo no marketing é fazer com que sua marca seja vista, fique na cabeça das pessoas, e seja considerada no momento da compra.
Simples assim.
Mas você só precisa ficar três segundos em um reels para que seja contada uma visualização (e pior que tem gente que promove “hacks dos três segundos”).
Em três segundos sua marca não gravada, você não será lembrado, e muito menos fará vendas. Agora, se alguém assistir os noventa segundos do reels, significa que gostou do conteúdo e talvez lembre da sua marca.
Deveria valer mais, certo?
Agora, o problema é que nos dois casos acima, será contada somente uma visualização, mesmo a segunda pessoa assistindo seu conteúdo por 30 vezes mais segundos que a primeira.
E é aí que entra a beleza do conteúdo longo, pois historicamente já sabemos que quanto mais tempo alguém é exposto ao seu conteúdo e marca, maior o engajamento, lembrança, etc.
Ele aumenta a chance da pessoa ficar consumí-lo por mais tempo, pois o contexto dele é feito para isso. Sua caixa de entrada de email, seu tocador de podcast, não são ambientes cheios de distrações.
Mesmo que sejam muito menos pessoas, ainda vale a pena. Eu troco 10 mil curtidas no Instagram por 100 leituras do meu email a qualquer momento, sem pensar!
E as plataformas sabem disso, então é bizarro que muitos profissionais de marketing não levem isso em conta.
A principal métrica do Youtube não é quantos vídeos são vistos no seu canal, mas quanto tempo as pessoas passam nele, o tempo de exibição. É melhor você fazer vídeos longos que as pessoas possam ficar mais tempo, do que vários vídeos curtos que eles podem sair a qualquer momento.

O algoritmo irá até te promover mais. (Claro, desde que o seu conteúdo faça sentido em um vídeo longo. Essa é a regra número um)
O Tiktok, que é uma plataforma de entretenimento, te permite subir vídeos de até 60 minutos! Quem disse que lá só tem conteúdo raso? Podcasts duram geralmente uma hora, newsletters têm centenas de palavras, blog posts também. Youtube shorts nem são tão shorts mais, podendo chegar a três minutos.
Todos esses são amplamente consumidos.
E se você chegou até aqui, leu exatamente 827 palavras. Se não me abandonou ainda, imagino que é porque o conteúdo te interessou.
E se ele te interessou é porque, de alguma maneira, eu consegui ser útil (e isso me deixa muito satisfeito, pois é por isso que eu escrevo). Você imagina ter esse nível de conteúdo em alguma rede social?
Então, que tal começar a fazer o mesmo e se diferenciar no mar de pessoas focadas em métricas insignificantes e conteúdos rasos?
É só começar a escrever, ou gravar!
Ah, e dica final: é fácil transformar um conteúdo longo em vários conteúdos menores como reels, stories, tweets, etc. Deixa seu calendário sempre cheio
Abraços, e até a próxima!
Sempre maravilhoso nas colocações.
Não sou defensora de conteúdos longos ou curtos. Acredito naqueles que atendem à estratégia, aos objetivos, ao público etc.; fatores que influenciam no formato. Além disso, acompanhar o comportamento das pessoas, que muda com o passar do tempo, e testar o que dá resultado é fundamental. A ideia não é fazer porque "é a tendência". Como foi bem colocado no texto, o que vale é questionar, em primeiro lugar. Se fizer sentido para você e para a marca, segue. Caso contrário, deixe de lado.