Peça-Chave #53: Os limites do funil e mais...
Chegou a hora de repensar o funil de marketing.
Já tem um tempo que eu queria escrever sobre o funil de marketing aqui na Peça-Chave. Quando comecei, vi que era tanta coisa que acabou virando um ebook.
Eu estava com saudades de escrever ebooks.
Em um mundo de conteúdos curtos eu ainda acredito em formatos longos e aprofundados. Menos gente vai ler, não vai ter contador de likes, mas quem se dedicar a ler tudo vai aprender mais do que se assistisse milhares de reels. Meu objetivo não é viralizar, é ser útil.
É o mesmo motivo pelo qual eu gosto de fazer cursos.
Escrever nos força a organizar e desenvolver ideias, estruturar pensamentos e aprender a usar melhor as palavras. É meu exercício favorito.
E minha regra é: eu só escrevo o que o ChatGPT nunca conseguiria escrever. Ou seja, tem que ter ideias originais, opiniões e experiência.
Espero que goste!
(Ah, e essa newsletter não é só sobre o ebook, tem mais coisas sobre branding)
Indo a fundo no funil [eBook]
O funil de marketing é um dos modelos mais conhecidos no marketing digital, reproduzido amplamente por profissionais da área, inclusive por mim, sem muita análise crítica. Afinal, funciona.
Mas à medida que fui me tornando mais experiente, comecei a ver que o modelo de funil é como usar uma bicicleta com rodinhas: você até consegue andar, é útil para aprender, mas vai te atrapalhar quando você quiser fazer algo mais avançado.
Nós chamamos de funil muito por causa do mundo online e do inbound, que popularizaram o termo, onde naturalmente existem mais pessoas vendo os conteúdo da etapa de descoberta (topo de funil) e, naturalmente, fazemos mais conteúdos para ela. Também temos mais controle para levar a audiência para as próximas etapas.
Mas no mundo real o marketing vai muito além do inbound, e muito além do digital. Patrocínios, mídia paga, anúncios na televisão. Tudo isso precisa ser considerado na jornada, mas a gente só ignorava.
Por exemplo, se eu gasto uma grana para fazer propagandas na televisão, isso não é conteúdo de fundo de funil? E, se a partir dessa propaganda, várias pessoas fazem buscas no Google por algum termo, e caem no meu blog, a jornada não está invertida, com muito mais gente no fundo de funil do que no topo?
Nesse caso, não dá mais pra chamar de funil pelo formato invertido da jornada, mas as etapas continuam as mesmas: descoberta, consideração, decisão.
Para ir mais a fundo no tema acabei escrevendo esse ebook, que também aborda outros pontos como principais erros cometidos ao se trabalhar com o funil, detalhes de como pensar cada etapa e mais.
Espero que goste e, se gostar, que tal compartilhar?
Quanto custa fazer uma bolsa de 2.780 dólares da Dior?
Ontem a marca de luxo Dior deu o que falar na Internet após sair uma notícia de que eles pagam 57 dólares para seu fornecedor fabricar uma bolsa que é vendida por 2780 dólares. Isso não inclui a matéria prima, mas mesmo assim né, é uma diferença gritante.
O que achei interessante é que a maior crítica à marca nas redes sociais é a margem absurda da empresa. O que não faltou foram pessoas criticando quem compra Dior por ser trouxa. Idiortas, eu diria (sorry).
Para mim é uma falta de entendimento de como marcas, principalmente de luxo, funcionam. O fato da bolsa ser cara é parte do que a torna atrativa. Ninguém que compra uma bolsa de mais de 15 mil reais se acha enganado pelo fato do custo de fabricação ser baixo.
Existe a marca, o design e, no caso do mundo do alto luxo, mostrar para o mundo que você tem condição de pagar esse valor. Se a própria Dior resolvesse vender suas bolsas por 1000 reais - garantindo autenticidade - ela com certeza perderia clientes fiéis e arranharia seu status de marca de luxo.
Não sou comprador de marcas de luxo (pelo contrário, sou bem pão duro), mas não vejo nada de errado em quem opera nesse mercado. Pelo contrário, acho um feito gigantesco conseguir criar uma marca forte a ponto de poder colocar margens assim.
Agora, o que eu sou 100% contra é o uso de mão de obra ilegal, em condições sub-humanas, para a fabricação de bolsas de luxo. É isso que a Dior e Armani estavam fazendo, tanto que quem descobriu e divulgou o custo de 57 dólares foram as autoridades italianas.
Curiosamente, essa parte da notícia gerou menos alarde nas redes sociais do que a margem da empresa em cada bolsa. O mundo tá com as prioridades erradas
BYD quer aprender a sambar
Na edição 51 dessa newsletter eu comentei como as pessoas preferem comprar um produto pior de uma marca conhecida, do que um produto claramente superior de uma marca desconhecida. Uma marca forte é, acima de tudo, diminuição de riscos percebidos.
Eu dei como exemplo a BYD que além de ser uma marca nova no mercado, ainda carrega todo o estigma de que marcas chinesas não são confiáveis.
Recentemente foi ao ar o comercial de seu novo carro, o BYD King, e achei muito interessante. Veja o vídeo aqui.
Para começar, a propaganda toda faz uma comparação entre o BYD King (rei, em inglês), e o “rei” Pelé. Quer coisa mais brasileira do que isso? Esse tipo de narrativa tem o propósito de aproximar a marca da nossa realidade e gerar familiaridade.
“De tempos em tempos, surge um novo rei. Não aquele nascido de uma família real”. Está falando do Pelé, claro, mas também do King, que não vem de uma família real (uma marca forte).
É a BYD atacando diretamente suas desvantagens, falando diretamente que sua marca não é tão famosa como as outras, mas assim como o Pelé, sua performance é qualidade é que irão convencer o povo.
(Não ganhei absolutamente nada pra falar sobre a marca, mas se alguém da BYD estiver lendo isso, só vou soltar aqui que sou louco por um Seal, kkk)